Eu andava sozinho já havia um tempo e cada pessoa que tocava no meu rosto com algum mínimo gesto de carinho era como ganhar na loteria.
Eu estava em um lugar qualquer um dia de terça-feira e uma mulher de vestido vermelho e cabelos longos e louros me olhou no fundo dos olhos. Não perdi tempo e retribui o olhar com um sorriso, o mesmo que faz um lobo faminto. No momento salivei, propício a devorar até sua alma.
Foi então que a tomei em meus braços e a conheci.
Foi então que a tomei em meus braços e a conheci.
Na verdade, conheci seu corpo: a firmeza das mãos, o olhar penetrante e o coração delicado.
Foi paixão a primeira vista. Com poucos minutos de conversa, descubro que ela já tinha dono.
“Mas se está comigo aqui e agora, então seu dono sou eu”, pensei, adverso a qualquer devaneio que poderia estragar o momento. Nos acariciamos, nos tocamos e, enfim, nos beijamos. O gosto da saliva era bom. O toque na nuca me enchia cada vez mais de desejo para tê-la em meus braços.
Alguns dias se passaram depois do nosso momento especial e ela fez as pazes com o namorado. Me vi ficando de escanteio a cada segundo, por mais que eu dormisse e acordasse com ela cabeça. Às vezes pegava sua foto no celular e ficava fitando seu sorriso congelado, lembrando das primeiras vezes que sorriu pra mim. Mas nada disso valia a pena se sua cabeça não estivesse encaixada contra o meu peito.
Conversamos um dia desses e ela me deu o último beijo. “O último dessa semana”, pensei, mas estava enganado. O tempo passou e a única coisa que permaneceu em mim foram as lembranças dos poucos encontros que tivemos. Era hora de erguer a cabeça e aceitar, por mais difícil que fosse, que ela jamais seria minha.
Eu até poderia ter novamente o seu corpo, mas dificilmente teria totalmente o seu coração e conto de fadas não teria um final feliz.
Ou não.
Ou não.
Essa é a primeira de três partes desse conto. Pretendo penetrar na mente de um triângulo amoroso para que as pessoas (e até eu) entendam o que se passa na cabeça de quem vive essa situação. Para escrever essa pequena série me baseio em uma história que acompanhei de perto. Espero que gostem!
2 comentários:
Que triste isso, de querer e não poder. Apesar d, foi lindo. Sei lá, eu sempre achei que tinha um pouco de beleza na tristeza.
Espero um final feliz para esse conto.
Beijinho,
MF
sei bem o que se passa na mente de alguém que vive um triângulo amoroso e não é nada legal, bem instável a parte daquele que fica no escanteio... enfim! bom conto! esperando os próximos capítulos!
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