13/01/2012

Extremos da vida - uma história real


Quita-feira. Era mais um dia normal na semana de uma pessoa em tempos de férias: nada pra fazer. Bom, seria assim se não fosse pelo fato de ser aniversário de um amigo, daquele tipo irmão - motivo que trás felicidade a qualquer ser humano. Acordo 7h30 e olho a tela do celular, como sempre. Um sms não lido. Ainda com os olhos embaçados, leio o corpo da mensagem e, então, os raios solares que entravam pela minha janela se tornaram cinza: “James, meu pai morreu”, dizia um amigo que se tem como filho. 

Como um relâmpago no céu, as feições do meu rosto mudaram de um modo tão bruto que nem eu mesmo sabia o que sentir naquela manhã. Era algo como estar em apneia, sendo massacrado por milhares de facas penetrando na minha pele: sentia muita dor, mas não conseguia sequer me mexer ou discernir de onde vinha todo aquele ataque. 

Fiquei o resto da manhã com o amigo-irmão. Rimos, brincamos, tomamos café da manhã e almoçamos juntos, nós e mais umas quatro ou cinco pessoas. A alegria no rosto do aniversariante me fez esquecer o que enfrentaria dali a algumas horas. À tarde, depois de uma chuva fria e calma, estava abraçado com o amigo-filho, me dopando da nostalgia de estar em um cemitério em um dia que era pra ser qualquer. 

Ele chorava a dor de perder um pai, enquanto eu tentava parecer maduro o suficiente para conseguir acalmá-lo. Não posso ver ninguém que eu amo chorar que me transformo em um chiclete, não desgrudo da pessoa - confesso, sou desses. A verdade é que eu queria sentir na pele a dor que ele sentia, compartilhar da agonia ou algo do tipo, estava topando qualquer coisa que fizesse com que os olhos azuis do filho-amigo voltassem a ter o brilho de antes. 

Em um único dia viajei pelos extremos de comemorar o nascimento de uma vida e presenciar o encerramento de outra.

6 comentários:

Jeniffer Yara disse...

São dois extremos, duas situações importantes, mas uma muito triste, infelizmente a vida tem dessas coisas, enquanto uns nascem, outros morrem.

Lindo conto de qualquer forma.

Beijos

Jota disse...

Na verdade Jeniffer foi uma crônica. Quasse tudo isso é verdadeiro.

A. disse...

que triste...

thayran disse...

realista.

Marília Felix disse...

Nem precisa dizer que a crônica era real.
A gente percebe pela intensidade das palavras.
A vida, certas vezes, nos coloca extremos difíceis.
Porém, cabe a nós, sabermos curvá-los (ou não) ao centro da vida: o amor!

Um beijo, J!

Bom Domingo!
=)

Heitor Lima disse...

Caramba, James, que dia! :X
Chamá-lo de intenso seria eufemismo.
Poucas pessoas teriam a estrutura que você teve para passar por isso, por isso te admiro. Com certeza, esses garotos tem muita sorte de ter um amigo como você.