Caminhos do amor

Tentei pensar sobre outro assunto, mas não deu. Essa palavra toma minha mente e não permite que eu reflita sobre mais nada. Amor, amor, amor... E só. Amor e amar. Por consequência, o desenho do seu rosto vem na mente logo em seguida. Amor, amar e você. Seria um triângulo perfeito, onde cada sentimento se encaixa em uma ordem quase divina, se eu não estivesse envolvido. Eu amo o amor, que me leva a amar você. E você, a quem ama? 

Questionei-me sobre isso quase todas as noites. Sempre às 19h, eu sentava na porta de casa, na mesma cadeira de sempre, chinelo nos pés e o nervosismo nas mãos, atento a cada vulto que viesse da esquina que sugerisse sua passagem. Quando finalmente o relógio apontava 19h15 você passava na rua, e meu coração automaticamente entrava em desespero, esperando você perceber que eu estava ali, ansioso pela sua chegada.

Queria saber o seu nome, o número do seu celular ou onde trabalhava - qualquer mínima informação que me levasse em direção a sua vida. Já estava cansado dos nossos encontros silenciosos e monótonos: eu sempre a te encarar, e você a olhar fixamente para qualquer outro lugar, menos em minha direção. 

Eu era o bobo apaixonado pela menina que não se sabe o nome. Tenho paciência de esperar você passar na minha rua todos os dias, e ela se multiplica quando se trata de esperar pelo dia você irá me perceber, me olhar, me querer. Enquanto isso não acontece, me permito ser acompanhado por uma taça de vinho e deixar a imaginação me levar a ter você bem pertinho de mim. Pode passar o tempo que for, mas alimentarei a certeza que por você vale a pena esperar. Ou pelo menos até um novo amor aparecer na minha rua.