31/08/2010

Dualidade oral e tecnológica - a cultura audiovisual e suas contradições



O apogeu da incorporação das massas à modernidade deve-se as transmissões das novas tecnologias. Outrora transmitida através do livro ou da oralidade, a cultura hereditária hoje é “absorvida” pela linguagem e conhecimento, pela indústria e experiências e pelos discursos e narrativas dos audiovisuais. Deve-se frisar que a cultura oral não foi extinta, mas ampliada, ou seja, é atualmente organizada e difundida pelo rádio, televisão, computador, cinema e vídeo.

A continuidade cultural é subordinada as massas pelas experiências audiovisuais. Por compartilharem uma afinidade cognitiva com os novos veículos, a educação das massas passa a ter uma facilidade inexplicável: “estamos diante de uma geração que aprendeu a falar inglês diante da imagem de televisão captada por uma antena parabólica” (p. 19). Das contradições sujeitas a esse paralelo, a instrução familiar através do diálogo é substituída, por exemplo, pela televisão que “mostra às crianças, desde que elas abram os olhos, o mundo anteriormente velado dos adultos” (p. 21).

Segundo o autor, “a cidade informatizada não necessita de corpos reunidos, mas sim interconectados” (p. 25). O fluxo de conteúdos e relatos gramaticais e orais pelo meio audiovisuais, principalmente pela televisão, traz a tona informações, dramas, publicidades, ciências, pornografia, dados financeiros, enfim, material que propõe um prazer estético culturalmente mutável.

Na esteira desse raciocínio, pode-se concluir que os reflexos pós-modernos ativos na sociedade eletrônica deve-se a precária e flexível cultura repassada virtualmente, onde os elementos desse mundo se confundem com o “natural” e familiarmente palpável, dotando o meio social de uma distância da cultura primitiva de cada grupo social com danos incalculáveis.

Fonte: MARTIN-BARBERO, Jesús. Novos Regimes de Visualidade e Descentralizações Culturais. In Mediatamente! Televisão, cultura e educação. Brasília: MEC. 1999.

3 comentários:

Érica Ferro disse...

Tu tá ficando chique, hein? HUAHAUHAUH
A faculdade de jornalismo transformou e aprimorou teu modo de escrever. Parabéns!

Sobre o texto: estar interconectado nem se compara a estar reunido, junto, perto fisicamente de verdade.
É preciso ter um equilíbrio.

Clara disse...

Concluindo: a tecnologia separa pessoas fisicamente. Eu concordo, mas acho que, por outro lado também ajunta pessoas que nem sonhariam em se conhecer sem tais meios. É uma faca de dois gumes. Pra mim, o que separa o bom do ruim é o equilíbrio. Tudo demais é ruim, não é mesmo?

=)

Lucas Rolim disse...

mano queria escrever como vc... kkk'