15/05/2015

Infinito

Acordei no meio da noite sem ter os braços dele sob mim, como era costume. Parecia infinito o espaço que se estabeleceu entre nós dois na cama e virei de lado para procura-lo. Ele dormia como um anjo abraçado ao travesseiro, pernas juntas em posição fetal, semblante despreocupado. Sua respiração era leve, como se o cansaço não tivesse o derrubado horas antes. Depois de alguns instantes observando-o sentado na cama, pernas cruzadas e mãos ocupadas afagando os cabelos dele, sua face aparentou perturbação. Meu estado de alerta disparou automaticamente e levei as mãos ao alto para fitá-lo melhor. Então ele acordou, ofegante, procurando por algo que lhe trouxesse a sensação de proteção. Se atirou de uma vez em meus braços, apoiando a cabeça contra meu peito e me abraçou como se aquela fosse a última oportunidade de ter seu corpo contra o meu. O calor dele enterrou o abismo. A proteção era mútua. Voltamos a dormir, cheios um do outro e vazios de qualquer possibilidade de dar fim ao nosso infinito.

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