05/05/2015

Do céu para o mar

Era um dia chuvoso na praia e, à vista dos pessimistas, tinha tudo para dar errado. Mas quando dois aquarianos se relacionam, a probabilidade de sair da rotina se multiplica graças ao dom de mover a vida pela sua criatividade infinita.

Saíram para dar uma volta a fim de desvendar a localidade e logo avistaram uma duna deserta nas proximidades. Convidativa, ela atraiu os dois sem motivo aparente. Se deixaram levar, sem ter em mente o que fazer ou sequer imaginar o que ia acontecer, ambos apaixonados por novidades.

Após uma subida rápida e cansativa, eis a recompensa. O mar cinzento beijava o céu, também cinzento, lá no horizonte, onde o fim e o começo também se beijam. Nenhum quadro de qualquer pintor poderia copiar essa obra de arte feita pelo próprio Deus, um deles pensou. Instantes depois ficou claro: a relação dos dois estava também estampada ali naquela cena.

Um deles era o céu, o protetor. Seu prazer maior era cuidar do outro, ver ele sorrir, abraçar, dar companhia, atenção e carinho. O outro era o mar, o alicerce. Profundo de experiências, nunca deixou o céu se confundir. Seu prazer maior era dar direção, ensinar e mostrar ao céu como é a vida. Não seria isso também cuidar?

Eles nunca assinaram um contrato, mas um se sentia dono o outro. E não era pelo sentimento de posse, ciúme exagerado ou cobranças, mas pela entrega na hora do sexo, por um escolher a companhia do outro e, acima de tudo, se respeitarem e não deixar com que haja segredos.

A reflexão foi pausada pelo vento gelado. A areia da duna tornou-se aconchego dos dois. Se abraçavam, se beijavam, trocavam carinhos no silêncio do momento. Foi aí que em mais uma onda agitada o mar entregou uma flor ao céu. Ela era simples, de cor amarela, símbolo de mais um momento marcado na vida dos dois.

Nenhum comentário: