28/08/2013

Conto de fadas

Olhou fixamente nos meus olhos e penetrou-me a alma, mas sem conhecer-me.

Ainda!


A carcaça de carne lhe atraiu de certa forma, mas fora a minha voz que o conquistou de fato – a mesma voz que o conduziu pela escada acima até o apartamento e a mesma que disse querer ouvir antes, ao telefone.

Observou-me severamente a cada passo que dava, desejando, repudiando, ou dois... Eu não conhecia o seu sentimento. Nessa hora o que queria era poder também penetrar sua alma, entender o que estava acontecendo. Os degraus acabaram e enfim tudo seria revelado.

Minha respiração já estava ofegante e a saliva tinha um gosto estranho, mas bom. O vi tomar um gole rápido de água do bebedouro e se virar para mim. Seu olhar marrento revirou meu estômago. Seu cabelo levemente assanhado lhe dava um ar de garoto atrevido, deliciosamente atacado por um fogo ardente que lhe revirava os olhos e lhe tirava a razão.

E era recíproco.

Tirou a camisa e revelou seu peitoral trabalhado na academia. Tomou-me pelos braços, agarrou minha perna como uma águia ataca um predador e finalmente fui devorada. Beijos, amassos, puxões de cabelo, mordidas, lambidas, suor, calor e mais beijos, amassos, puxões de cabelo, mordidas, lambidas, suor e calor. 

Depois que tudo acabou encaixei sua cabeça contra meu peito, lhe acariciei os cabelos com cafunés ininterruptos e o valente marrento da chegada se revelou um homem carente de desejo, atenção e afagos. Um bebê sereno vestido de homem marrento, um moreno nordestino.

Após tudo isso, os outros encontros se transformaram em um belo conto de fadas.

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