03/04/2013

Alfabetismo funcional em Imperatriz: Mais de 90 mil Imperatrizenses não sabem ler nem interpretar

Os números do analfabetismo em Imperatriz são preocupantes. Segundo os dados do Censo 2010, um pouco mais de 92 mil pessoas residentes na cidade são analfabetas. Esse número corresponde a 37% da população total acima de 10 anos de idade sem escolaridade ou com ensino fundamental incompleto. Contudo, um ponto importante não foi considerado pelo senso: quantos cidadãos imperatrizenses são analfabetos funcionais? 
Até 1958 a Unesco considerava alfabetizada a pessoa que soubesse ler e escrever enunciados simples do dia a dia, como nome de produtos ou de pessoas, por exemplo. Vinte anos depois esse conceito foi derrubado pela ideia do analfabetismo funcional. Não interessa mais se a pessoa sabe ler ou escrever, somente; o que se leva em consideração é a capacidade de interpretação e aplicação dessas interpretações em seu cotidiano. Esse contexto é definido pelo termo alfabetismo. 

Crédito: Leane Abreu

A doutora em educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Puc-SP), Vera Masagão Ribeiro, caracteriza o alfabetismo. “Os níveis de alfabetismo significam em termos de participação em práticas culturais, acesso à informação e aos postos de trabalho mais qualificados”, ou seja, para que a capacidade de interpretação seja uma prática comum, é necessário que a pessoa participe ativamente de alguns aspectos culturais, políticos e econômicos da sociedade. Um nível de leitura regular está inserido nesse aspecto. Essa é mais uma realidade distante de Imperatriz.


A última publicação desse blog sugeriu uma discussão sobre a divisão de classes na internet, usando como exemplo o perfil do facebook “Populares de Itz” e a fan page “Gente comum de Itz”. Aquele não manifestou opinião em relação ao texto. Já este publicou o link na sua página e os adeptos deram suas opiniões. Opiniões esdruxulas, diga-se.

As pessoas que se opuseram às ideias apresentadas na postagem afirmaram não ler o texto até o fim ou discutiam frases soltas e fora do contexto, além de criticarem o autor com acusações depreciativas como, por exemplo, “... e ainda se acha jornalista?”. A reação dos adeptos do “Gente comum de Itz“ revela a incapacidade dos jovens da educação básica de interpretarem textos e discutirem ideias, sem que seja necessário o abuso pessoal. 

A bacharel em letras Vânia Duarte explica o princípio básico da interpretação textual: "Interpretar um texto significa 'desvendar seus mistérios' quanto à questão do discurso, pois esse (o discurso) representa a mensagem que ora se deseja transmitir".


Vera conclui: “É preciso também reconhecer que os resultados da escolarização em termos de aprendizagem ainda são muito insuficientes e que um eixo norteador para a melhoria pedagógica na educação básica deve ser o aprimoramento do trabalho sobre a leitura e a escrita”. 

Vânia completa afirmando que é "necessário lançarmos mão de certos recursos que nos são oferecidos, e muitas vezes não os priorizamos, como a leitura, a busca constante por informações extratextuais, para que assim nos tornemos leitores e escritores cada vez mais conscientes e eficazes". Enquanto os jovens em idade escolar não se propuserem a interpretar o que leem e ouvem esses dados não vão mudar.


Referências:
RIBEIRO, Vera Masagão. Analfabetismo e alfabetismo funcional no Brasil. Artigo. Disponível em < http://www.faccamp.br/letramento/GERAIS/analfabetismo.pdf >. Acesso 03/04/2013.

Um comentário:

Danilo Rocha disse...

números realmente tristes, porém, gostei de saber mais sobre isso, tá de parabéns sobre o texto!