Os números do analfabetismo em Imperatriz são preocupantes. Segundo os dados do Censo 2010, um pouco mais de 92 mil pessoas residentes na cidade são analfabetas. Esse número corresponde a 37% da população total acima de 10 anos de idade sem escolaridade ou com ensino fundamental incompleto. Contudo, um ponto importante não foi considerado pelo senso: quantos cidadãos imperatrizenses são analfabetos funcionais?
Até 1958 a Unesco considerava alfabetizada a pessoa que soubesse ler e escrever enunciados simples do dia a dia, como nome de produtos ou de pessoas, por exemplo. Vinte anos depois esse conceito foi derrubado pela ideia do analfabetismo funcional. Não interessa mais se a pessoa sabe ler ou escrever, somente; o que se leva em consideração é a capacidade de interpretação e aplicação dessas interpretações em seu cotidiano. Esse contexto é definido pelo termo alfabetismo.
Crédito: Leane Abreu |
A doutora em educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Puc-SP), Vera Masagão Ribeiro, caracteriza o alfabetismo. “Os níveis de alfabetismo significam em termos de participação em práticas culturais, acesso à informação e aos postos de trabalho mais qualificados”, ou seja, para que a capacidade de interpretação seja uma prática comum, é necessário que a pessoa participe ativamente de alguns aspectos culturais, políticos e econômicos da sociedade. Um nível de leitura regular está inserido nesse aspecto. Essa é mais uma realidade distante de Imperatriz.
A última publicação desse blog sugeriu uma discussão sobre a divisão de classes na internet, usando como exemplo o perfil do facebook “Populares de Itz” e a fan page “Gente comum de Itz”. Aquele não manifestou opinião em relação ao texto. Já este publicou o link na sua página e os adeptos deram suas opiniões. Opiniões esdruxulas, diga-se.
As pessoas que se opuseram às ideias apresentadas na postagem afirmaram não ler o texto até o fim ou discutiam frases soltas e fora do contexto, além de criticarem o autor com acusações depreciativas como, por exemplo, “... e ainda se acha jornalista?”. A reação dos adeptos do “Gente comum de Itz“ revela a incapacidade dos jovens da educação básica de interpretarem textos e discutirem ideias, sem que seja necessário o abuso pessoal.
As pessoas que se opuseram às ideias apresentadas na postagem afirmaram não ler o texto até o fim ou discutiam frases soltas e fora do contexto, além de criticarem o autor com acusações depreciativas como, por exemplo, “... e ainda se acha jornalista?”. A reação dos adeptos do “Gente comum de Itz“ revela a incapacidade dos jovens da educação básica de interpretarem textos e discutirem ideias, sem que seja necessário o abuso pessoal.
A bacharel em letras Vânia Duarte explica o princípio básico da interpretação textual: "Interpretar um texto significa 'desvendar seus mistérios' quanto à questão do discurso, pois esse (o discurso) representa a mensagem que ora se deseja transmitir".
Vera conclui: “É preciso também reconhecer que os resultados da escolarização em termos de aprendizagem ainda são muito insuficientes e que um eixo norteador para a melhoria pedagógica na educação básica deve ser o aprimoramento do trabalho sobre a leitura e a escrita”.
Vânia completa afirmando que é "necessário lançarmos mão de certos recursos que nos são oferecidos, e muitas vezes não os priorizamos, como a leitura, a busca constante por informações extratextuais, para que assim nos tornemos leitores e escritores cada vez mais conscientes e eficazes". Enquanto os jovens em idade escolar não se propuserem a interpretar o que leem e ouvem esses dados não vão mudar.
Referências:
RIBEIRO, Vera Masagão. Analfabetismo e alfabetismo funcional no Brasil. Artigo. Disponível em < http://www.faccamp.br/letramento/GERAIS/analfabetismo.pdf >. Acesso 03/04/2013.
Um comentário:
números realmente tristes, porém, gostei de saber mais sobre isso, tá de parabéns sobre o texto!
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