09/05/2011

Crônicas de um suicídio


Era 6 de maio, meu aniversário. Achei que seria mais um dia normal – engano meu. Esperava, sem muito ânimo, a visita dos parentes, os presentes dos amigos, o abraço da minha mãe desejando-me feliz aniversário. Tudo isso ocorria de praxe, ano após ano.

Mas dessa vez foi diferente.

Um pensamento esquisito penetrava por osmose em minha mente, talvez algo planejado há algum tempo atrás, mas nada que fosse além de míseros devaneios. Contudo, por mais que afastasse ele das minhas entranhas, se tornava cada vez mais concreto, como a dor que eu deixaria no mundo se completasse os meus planos.

As horas se passavam; a ansiedade em tornar real esse desejo ficava cada vez mais evidente a medida que minhas mãos tremiam. Tomei um gole de café. A cafeína acelerou meus batimentos cardíacos e a adrenalina me consumia. Foi quando uma corda brilhou diante de mim, chamativa, convidativa, atraentemente suicida.

Hesitei por alguns instantes. E por mais alguns. Sempre pensei que um filme passaria pela minha cabeça com os momentos alegres e tristes da minha vida, as dores, as ilusões... Mas nada além da decisão de me matar  adubava a vontade de sair de desse mundo, vindas não sei de onde, por razões que nunca me permiti saber.

A corda se enroscou no meu pescoço e tascou-lhe um beijo; com um só golpe fez com que uma forte luz se fixasse como uma proteção diante dos meus olhos.

Acabou.

Ficarei somente conhecida como a menina que se suicidou no dia do aniversário.

Um texto que tenta desvendar ou configurar um lamentável acontecimento de ontem. Michelle, estudante de jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão suicidou-se no dia do aniversário. Algo que ninguém poderia imaginar. Algo em que todos estão sujeitos. Fica a reflexão: para morrer, basta estar vivo. Que Deus tenha compaixão de nossas almas!!!!

5 comentários:

Babizinha disse...

Ontem mesmo estava pensando nisso, não em me matar, que fique claro. Mas o que leva uma pessoa a se matar?! Controverso: um ato de covardia e de coragem. E quem vê de fora apenas contra-argumenta que nenhum motivo é suficiente para levar a isso.

Ontem mesmo estava pensando nisso, não em me matar, que fique claro. Mas o que leva uma pessoa a se matar?! Controverso: um ato de covardia e de coragem. E quem vê de fora apenas contra-argumenta que nenhum motivo é suficiente para levar a isso.

Se o simples assunto "morte" não é encarado com naturalidade, “suicídio” muito menos.

Beijos

Debbys disse...

a pessoa tem que estar muito mal para fazer algo assim... eu simplesmente não consigo nem imaginar algo do tipo..

bjss

Anônimo disse...

__ Talvez a intenção dela, seria se livrar de alguma culpa, ou foi a única solução q ela viu diante de um problema... ou queria que alguém, se sentisse culpado (a) por isso.
Mas no final de tudo o que aconteceu foi
"Ficarei somente conhecida como a menina que se suicidou no dia do aniversário."
trágico.

Bia disse...

Não dá nem pra tentar discutir um assunto desses, acho humanos nunca poderão desvendar os segredos da mente e as complexidades da mesma, é como entrar num deserto sem fim, num labirinto sem saída.
Cada um de nós temos particularidades, uma força única pra enfrentar grandes problemas, alguns têm força pra enfrentar o que der e vier, já outros são mais fracos e sempre necessitam uma ajuda amiga e nem sempre pedem essa ajuda, se refugiam em seus próprios pensamentos e se perdem neles. Sobre essa garota só sabemos que ela viu na morte um alívio para algo que ela julgou ser algo que a estava incomodando de verdade.
Não posso deixar de ressaltar que vejo esse tipo de notícia e fico super triste, fico pensando como alguém pode abdicar de uma coisa tão linda que é a vida, por mais que a gente erre e se machuque, cada dia é um presente de Deus, jogar isso fora é sei lá... insano.
Obrigada pelas dicas no meu blog, viu? Vou tentar utilizá-las na próxima review que fizer! Beijos :*

A. disse...

isso aconteceu na escola que eu estudava, mas não era o dia do aniversário. acho que os pais devem ser mais amigos de seus filhos, tenho a certeza de que se os pais tivessem ciência do que os filhos sentem muitos jovens não sentiriam isso, essa vontade de sair de vez desse mundo, onde só há cobrança e nada é como a gente quer!
Abraços.