É rara a abordagem de temas familiares com uma dinâmica semelhante a do longa-metragem Sei Que Vou Te Amar (The Black Balloon). Com um título sem atrativos, o filme coloca em cheque a trajetória de um jovem responsável temporariamente por sua família. Aparentemente um roteiro batido; mas a direção de Elisa Down deu um sabor especial a essa temática com os questionamentos da coação gerada pela apimentada fase da adolescência.
Rhys Wakefield dá vida ao personagem Thomas Mollison. Ele é um garoto de 16 anos de idade que faz jus aos estereótipos dos rapazes da cultura ocidental, vivendo a deliciosa fase das descobertas. Ser aceito na escola nova, a primeira namorada, ouvir rock e curtir a vida são os planos de qualquer garoto dessa idade. Entretanto, sua mãe fica confinada por conta da gravidez, e contra a sua vontade ele é cotado para cuidar do seu irmão mais velho.
Charlie Mollison, interpretado por Luke Ford, é o primeiro filho do casal. É portador de autismo – uma alteração mental que impossibilita o indivíduo de se comunicar, estabelecer relacionamentos e de responder apropriadamente ao ambiente – e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) – doença caracterizada por sinais claros e repetitivos de desatenção, inquietude e impulsividade. Por conta dessas enfermidades é carente dos cuidados integrais de alguém.
Até onde os laços familiares interferem na condição sócio-mental do indivíduo? Envergonhado pela situação do irmão mais velho, ele sustenta a idéia que um dia Charlie voltará a ser normal; um delírio de um jovem angustiado por ser cercado de pressões emocionais. Entretanto, em sua festa de aniversário, todo sentimento de desonra causada pelo “filho problema” fluíram entre as veias de Thomas se derramando em cólera; o ápice do desespero toma conta dos seus sentidos: agora ele entrava em estado de ebulição pela dor de ter um irmão enfermo. Choro e gritos invadem de surpresa o lar que antes camuflava todos esses sentimentos.
Ao mesmo tempo em que vive corroendo a ferida da necessidade de aceitar o irmão, Thomas inicia o processo de descoberta da afetividade no sexo oposto. Jackie (Gemma Ward) preenche o espaço dilacerado em sua vida sendo uma luz de esperança em meio a uma tempestade.
A fotografia de todos os ambientes dá ao filme a sensação de estar na sociedade de 20 anos atrás, onde toda essa problemática ainda era inacessível pela maioria. Rhys Wakefield dá um espetáculo de dramaticidade encarando a delicadeza das cenas de amor e a acidez das cenas de opressão. O fim do filme reserva uma reviravolta na sensibilidade de Thomas ao perceber que seus sentidos catalisam algo em proporções maiores que são.
6 comentários:
Já assisti o filme e gostei, embora meio triste, rs.
Ainda não assisti, mas gosto de filmes assim. Sempre choro um litro, fazer o quê... rs Acho importantíssimo quando dão mais importância ao que merece: a família, por exemplo. Há tanto pra falar, né?
Anotar aqui e pegar na loc. ^-^
Beijo! =*
Gostei da indicação, eu gosto de dramas, coitado desse cara aí, ele sofre um grande pressão hein! Ter uma pessoa na família com esse problema deve ser muito difícil, nem consigo imaginar
Eu até vi esse filme na locadora, mas achei que fosse mais um de amor e nem li a sinopse.... ah, deveria ter lido.. vou alugar da próxima vez...
bjsss
Boa resenha. Vou procurar assistir. Tenho visto bastante filme. Não acho a temática batida quando é bem desevolvida. Concordo que depende do conjunto da obra. As vezes uma boa produção muda tudo.
A convivência com pessoas com doenças psicológicas é um ótimo assunto, que por muito tempo foi tabu na sociedade. Dizem que toda família tem alguém com problema assim, acho muito construtivo.
Postar um comentário