11/04/2016

Pediram para descrever minha carreira de escritor...

“Não há segredo: É melhor abrir mão e ficar em paz do que se condenar a viver um amor sem vida”, escreveu pela milésima vez, na milésima folha, amassando logo em seguida e lançando em direção aos outros novecentos e noventa e nove escritos descartados. O lixeiro amarelo no canto do quarto estava tão cheio de papel quanto a sua mente de lembranças. Ele via a escrita como um momento para pensar. Na verdade, era um ritual. Escrevia para si mesmo e nunca concluía. Descartava e começava a escrever novamente. Acreditava ser mais fácil começar do que terminar. Seus vinte e cinco anos de vida sempre foram de introduções. Em todo desenvolvimento perdia a excitação, odiava ter rotina e logo se permitia recomeçar. Inconstante? Longe disso! Efêmero é a palavra correta. Ele só queria calmaria, bons momentos, amigos cantando sertanejo dentro do carro, alguém pra ceder o colo, amor (muito amor) e para isso não queria se prender. Nem a um rabisco de papel.

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