04/04/2014

Amor: O entender é sentir

Resolvi caminhar um pouco naquele dia gelado. Apesar do frio, meu corpo estava em chamas. Pensar demais me deixava assim e já fazia alguns dias que não conseguia nem dormir refletindo no significado do amor. É algo que busco desde criança, quando vi meu pai falar “eu te amo” para minha mãe um dia e sair de casa no outro, nos abandonando. Até hoje nenhum dos autores me convenceu sobre o que era o amor com suas histórias de finais felizes e já estava cansado desses clichês românticos vulgo Nicholas Sparks. Eu queria entender a posição do meu pai. Queria descobrir o que movia esses casais a se relacionarem de modo tão intenso, acabando com tudo de modo tão trágico. Eu queria alguma certeza, apenas isso.



Depois de um tempo cheguei à praça da cidade. Sentei em um dos bancos enquanto minha mente permanecia fervendo. Um casal começou a discutir perto de mim e logo me lembrei dos meus pais. Só que, diferente deles, o casal logo parou com a briga e deram um longo beijo. Aquilo me confundiu. Continuei observando as pessoas na praça e vi o que parecia serem dois amigos dando um longo abraço. Mais a frente uma menina de cabelos loiros dava um beijo com a boca suja de sorvete no rosto de uma mulher que supostamente era sua mãe. Baixei a cabeça, pensativo. Senti uma brisa rápida no meu rosto e logo veio o insight.

Após algumas decepções, frustrações e inúmeros acontecimentos que causaram tristeza, percebi, ali, no banco da praça, que o amor não é para se entender, mas para se sentir.

Sentir a dor da raiva e a doçura da reconciliação.
Sentir a segurança do abraço apertado do amigo querido.
Sentir o prazer gelado de tomar um sorvete de chocolate.
Sentir as cócegas no rosto depois de um beijo sincero.
Sentir o frio na barriga quando “aquela” pessoa está chegando perto.
Sentir a paz em observar isso tudo.

São os “momentos” que nos fazem perceber quando o amor está presente. Sendo assim, quando esses “momentos” não acontecem, ele fica ali, parado, pulsando junto com as batidas do coração, esperando o “momento” certo para ser manifestado. Nem sempre as nossas ações frente o amor são as corretas, sendo até irreversíveis, como foi com meu pai e com minha mãe. Mas o amor estava ali, “momentos” antes da tragédia.

Concluindo isso consegui perdoar meu pai e, finalmente, a certeza de que amor não se entende, mas se sente e, sentindo, passei a entendê-lo.

2 comentários:

Satiko disse...

É difícil mesmo entender certas atitudes a que nossos sentimentos nos levam a tomar, quem dirá atitudes de outro alguém. Ora amamos, ora vamos embora, ora nos arrependemos... mas,uma coisa é certa, melhor mudar pra ser feliz, do que envelhecer se arrependendo a cada dia das coisas que não estavam certas, não é justo. ;)

Pedro disse...

Acho que caiu um cisco no meu olho lendo isso, mas sim, define algumas situações que estou passando.
Alias segui o seu blog, adorei os textos
http://penelopeetelemaco.blogspot.com.br/