29/06/2010

Pura inocência!



O filme de Werner Herzog conta a história de um jovem chamado Kaspar Hauser que havia sido preso em um porão e perdeu completo contato com o mundo. Mesmo adulto, ele não sabe se expressar oralmente, tampouco conhece o ambiente onde vive. Uma noite foi visitado por um homem misterioso e deixado em uma vila com um bilhete na mão. Os moradores da vila, intrigados com esse estranho personagem, decidem investigá-lo e o prendem em uma torre. Porém, seu comportamento dócil os fez pensar que o jovem descendia de uma família real. Após morar um determinado tempo com várias pessoas da vila, o jovem aprende a ler e escrever, mas não conseguia captar mensagens que envolvia, por exemplo, sociedade, música e religião.

Assim que o contato com a sociedade é estabelecido, Kaspar passa a entender os mistérios existentes em sua volta. Na medida em que é ensinado, os objetos, a própria natureza, seu corpo etc., passam a ser “substituídos” por palavras. Estas, portanto, passam a desempenharem o papel de significante. Não há uma relação factual entre o significante e o seu objeto, são somente figuras representativas atribuídas culturalmente - símbolo.

Ao perceber a existência de algo tão somente concreto (índice) e, além disso, algo abstrato, mas de uma proximidade sensorial que usufrua de um significante (ícone), sua mente está disciplinada a relacioná-lo com tais significantes, assim, os objetos passam a ter um significado. Somando as leis de significado e significante tem-se a definição de signo.

No desenvolvimento do longa, o personagem é submetido a vários testes de sua inteligência e capacidade de raciocínio. O que fica explícito com essa experiência, no mínimo conflituosa, é que o isolamento deixou sérias seqüelas em seu intelecto. Mesmo sendo sujeito a aprendizado constante sobre os símbolos existentes na sociedade, sua mente não estava disciplinada a “aceitar” conceitos relacionados ao sentido, ou seja, sua mente não desenvolvia a distinção entre o que é real e o que é abstrato.

Pode-se concluir, portanto, que a construção dos signos desenvolvida em um conjunto social é primordial para o entendimento do mundo que nos cerca e, além disso, a compreensão, em um modo exagerado de definição, do que se passa no nosso interior. O filme O Enigma de Kaspar Hauser é uma aula de conhecimento semiótico-linguístico que nos leva a entender a significação do que realmente se desenvolve no espaço existente entre o real e o imaginário.

Confesso que esse filme é meio chato de ver no início. Mas, ao longo da exibição, você desenvolve um sentimento de afeto e pena do personagem, que por sinal, é bastante intrigante. Vale a pena assistir.
PS: esse foi mais um trabalho da faculdade da matéria Estética e as Mídias

2 comentários:

Anônimo disse...

Em relação ao seu comentário no meu blog...
Concordo com você. Tenho certeza de que a primeira parte de Harry Potter será ótima, mas a segunda será ainda melhor. Vamos contar os dias! :D

Vida e arte disse...

Gostei da sua explanação sobre o filme foi bem clara e objetiva. Realmente lidar com um filme com esse Tema complexo é estar preparado para um início meio chato, mas importante para se chegar a uma conclusão sensata.

Beijos